O HOMEM DE HOJE
BIOGRAFIA
João Miguel dos Santos Simões nasceu em Lisboa em 1907 no seio de uma família ligada à Indústria Têxtil, pois o pai possuía uma fábrica de fiação na cidade de Tomar razão pela qual, em 1926, ingressou no College of Technology em Manchester. Três anos mais tarde, formou-se em Engenharia Têxtil na École Supérieure de Filature et Tissage de Mulhouse. A década de 30 é dedicada à realização de estágios técnicos em fábricas têxteis espalhadas por toda a Europa: Alemanha, Checoslováquia, Inglaterra e, em 1938, estagiou nos Estados Unidos. É nesta data que conheceu, em Boston, a Senhora Scoville, casada com um professor de História de Arte na Universidade de Harvard, figura crucial na futura escolha para o estudo da arte da azulejaria.
Paralelamente à formação profissional de Santos Simões decorreu a educação cultural incentivada, desde pequeno, pelo ambiente inspirador da Associação dos Arqueólogos Portugueses, da qual o pai – José Rodrigues Simões - era o respectivo tesoureiro. Uma biblioteca apetrechada e o convívio com nomes referenciais no estudo da Arte Portuguesa como sejam os de D. José Pessanha, Perry Vidal, Afonso Dornellas, Xavier da Costa, Alberto de Sousa, Matos Sequeira, Frazão de Vasconcelos, Alves Pereira, José Queirós, Garcez Teixeira, Vieira Guimarães constituíram o habitat natural para o nascimento de uma personalidade multifacetada, rica em conhecimentos históricos e viva na transversalidade dos saberes.
A década de 40 marca o início do estudo sistemático da azulejaria sob influência de D. Fernando de Almeida e da Senhora Scoville. Em 1944, estagiou em Madrid e em Talavera de la Reina na Fábrica Ruiz de Luna onde conheceu os processos técnicos da azulejaria. Tal facto influenciou-o decisivamente pois, na sua casa em Tomar, montou um pequeno laboratório para exame de pastas cerâmicas. Esta vertente técnica e a sistematização do conhecimento herdado da metodologia das Ciências foram aplicadas ao estudo da azulejaria e o método revelou-se imprescindível para a construção de uma tipologia que ainda hoje vigora entre os estudiosos da área. Entre 1944 e 1957, os estudos não pararam de crescer e foi o investigador que internacionalmente mais se evidenciou. Refiram-se as publicações “Antwerpesche tegels van omstrecks 1558 in Portugal”, em colaboração com Van Herck, na obra Antwerpens Koninklike Oudheidkundige Kring; “Maioliche flamminghe e spagnole in Portogallo”, para a revista Faenza, “Le role de la décoration céramique dans l’architecture portugaise dês XVII-XVIII siécles”, publicado nas actas do XVI Congrés International d’Histoire de l’Art.
Santos Simões faleceu em 1972 em Lisboa aos 65 anos. Pela obra que deixou, ainda hoje, o seu nome é referência obrigatória na sua área de estudos e de investigação, quer a nível nacional, quer a nível internacional deixando-nos a herança de ter autonomizado o estudo da Azulejaria do estudo da Cerâmica e ter associado a Azulejaria como marca identitária da cultura portuguesa.